Documentos que deram origem a Belo Horizonte viram Patrimônio da Humanidade

Postado em 07/10/2015 12:21 / atualizado em 07/10/2015 12:38, no Portal Estado de Minas (Autores:  João Henrique do Vale , Gustavo Werneck)

O acervo foi aceito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) para integrar o programa memória do mundo.

Há poucos meses de completar 118 anos, Belo Horizonte já começou a festejar. Nesta quarta-feira, o acervo da Comissão Construtora da Nova Capital de Minas, que reúne documentos que deram origem a Belo Horizonte, foi aceita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) para integrar o programa memória do mundo. Agora, todos os registros documentais inscritos na lista tem valor de patrimônio documental da humanidade.

O programa da Unesco tem como finalidade identificar os mais importantes documentos de registro da história mundial. “Ao obtermos o título de patrimônio documental do mundo pela UNESCO, esse vasto e rico acervo documental da Comissão Construtora ganha outra dimensão, colocando Belo Horizonte na vanguarda da preservação da memória. O reconhecimento propiciará um conhecimento mais profundo e amplo sobre as particularidades da cidade positivista que aqui nasceu, se desenvolvendo rapidamente, mas que preserva sua memória e agora de forma mais ampla: para a humanidade”, comemora o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira.

O acervo contém documentos administrativos, contábeis e técnicos que registram o processo histórico de planejamento urbano e de construção de Belo Horizonte. A comissão era chefiada pelo engenheiro Aarão Reis e a equipe de arquitetos e urbanistas, trabalharam entre 1894 e 1897, data da inauguração da cidade. Depois disso, o grupo foi extinto e as funções passaram para outros órgãos municipais e estaduais.

A documentação que mostra o planejamento da capital mineira foi dividida entre o Arquivo Público Mineiro, o Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte e o Museu Histórico Abílio Barreto. Entre 2001 e 2004, as três instituições fizeram o projeto Acervo da Comissão Construtora da Nova Capital, que consistiu na microfilmagem e digitalização de toda a documentação e na construção de uma base de dados comum, reunindo todos os registros em um único sistema de busca.  O acervo vai ser apresentado na tarde desta quarta-feira pela Fundação Municipal de Cultura.

A expectativa, agora, é para o título de Patrimônio da Humanidade da Pampulha. Na última semana, a consultora venezuelana María Eugenia Bacci, do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) fez uma visita técnica em Belo Horizonte. Autoridades federais, estaduais e municipais ficaram esperançosos e confiantes em conquistar o título. “Estamos confiantes e otimistas, pois o resultado desses últimos quatro dias é muito positivo”, disse, nessa sexta-feira, o prefeito Marcio Lacerda, ao falar sobre o trabalho já executado na região para preservação do conjunto moderno, da década de 1940, concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), e a despoluição do espelho d’água, no qual são lançados esgotos de domicílios da região e do município vizinho de Contagem.

Written by Welder Antônio Silva

Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UFMG e Mestre em Ciência da Informação (UFF/IBICT). Possui especialização em Gestão da Informação e Inteligência Competitiva (UNESA) e graduação em Arquivologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Atualmente é Analista Legislativo - Arquivista - da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG) e professor assistente do Curso de Arquivologia, da Escola de Ciência da Informação, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).